segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O Tejo está a morrer

"O Tejo está a morrer."

Quem vive na zona da grande Lisboa não se apercebe desta realidade. É uma população crescentemente alheada da natureza e da ligação que temos com ela, queiramos ou não. Por maior que seja a seca, ou a escassez de alguns alimentos, as condutas continuam a alimentar o consumo irracional de água, os porta-contentores e camiões mantêm o fluxo de alimentos, do interior de Portugal ou do outro lado do mundo.

O rio ali é essencialmente mar, e o mar não está a secar - ao contrário, o seu nível médio até está a subir. Ao longo dos últimos anos, fruto de investimentos em saneamento e afastamento de indústria poluente, a qualidade a água até terá melhorado muito.
E no entanto quanta responsabilidade, pela quantidade, mas também pela atitude, tem esta imensa população na morte do rio!

Com quando desperdiçamos água, tal como ao lavar a louça com a torneira no máximo durante 20 minutos (para depois a máquina de louça voltar a lavar), ou lavamos dentes ou fazemos a barba com a torneira sempre bem aberta - é que esta água é retirada diretamente da bacia hidrográfica do Tejo e aquela que atiramos esgoto abaixo não passará debaixo das pontes desde o Zêzere até à foz.

Quando desperdiçamos papel, como ao retirar 6 ou 7 folhas de papel para secar uns míseros mililitros de água das mãos - é que este papel é produzido nomeadamente em celuloses nas margens do Tejo, que contribuem para o poluir. Os eucaliptos que alimentam estas máquinas económicas, por sua vez, contribuem eles também para degradar as encostas do sistema hidrográfico do Tejo.

Quando desperdiçamos energia elétrica, estamos a promover o represamento de água nas múltiplas barragens do Tejo e seus afluentes, e a promover a construção de novas. Com menores necessidades de energia, as empresas exploradoras poderiam libertar mais caudal para dar vida ao rio.

Quando compramos vegetais em quantidade suficiente para comer e desperdiçar, só porque temos dinheiro para tal e os preços são baixos, nomeadamente os produzidos nas zonas do sul de Espanha irrigadas com transvases do Tejo, estamos a desviar a água que deveria correr até Portugal. Se comprarmos apenas o que consumirmos, sem desperdício, reduziremos a necessidade de roubar água ao Tejo.



Talvez a culpa da morte do Tejo não seja só d´"ELES." Se calhar, todos somos responsáveis por isso, e todos podemos fazer alguma coisa para inverter a situação.
Mas é tão mais confortável dizer que "ELES" não fazem nada...



https://www.publico.pt/2017/11/19/sociedade/noticia/guerra-da-agua-e-poluicao-no-tejo-espanhol-ameacam-portugal-1793077

https://www.publico.pt/2017/11/19/fotogaleria/o-tejo-esta-a-morrer-em-espanha-379102

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