quarta-feira, 24 de maio de 2017

De comboio + bicicleta na linha de Cascais




É mesmo possível chegar de bicicleta a uma estação da linha de Cascais, apanhar o comboio e voltar a circular de bicicleta na baixa de Lisboa ou Cascais, por exemplo, com crianças. Não é mito.
Claro que não é para toda a gente. É preciso estar muito à vontade nas ruas com muito trânsito, por vezes com excesso de velocidade, e com muito pouca consideração pelo tráfego ciclista. A esmagadora maioria das pessoas nem sozinhas se atrevem, muito menos o fariam com crianças pequenas. Há riscos.

A possibilidade de fazer um tal percurso beneficia da facilidade criada pela CP em toda a sua rede urbana, que deve ser elogiada.
Já à Câmara Municipal de Cascais não há absolutamente nada a agradecer neste âmbito. Após anos e anos de falsos arranques (se é que o chegaram a ser) e vagas esperanças, não há uma única estação da CP que tenha alguma forma facilitada de se lhe chegar de bicicleta (julgo que no Estoril, à volta do Casino há qualquer coisa, mas não sei se serve para alguma coisa — da ciclovia do Paredão nem vale a pena falar, pois só serve para deslocações entre estações).

E era fácil fazer pouco que poderia acrescentar muito. Veja-se uma proposta há já muitos anos apresentada à CMC, e cujos técnicos até disseram coincidir em boa parte com os seus projetos ( projetos? Boas intenções?). Passados 5 ou 6 anos, nem um projeto concreto (ie, com plano e data a curto prazo) é conhecido.
Com aquela pequena rede já se davam condições a alguns milhares de pessoas para chegarem de um raio considerável a 2 estações CP, que facilmente também se prolongava até São Pedro. E como é evidente, aquele plano é apenas o início feito por um amador.




A criação de acessos cicláveis às estações da CP desta linha poderia e deveria ser o início de uma rede mais alargada. Evitaria parte das deslocações de carro para a estação. Poderia trazer para o comboio mais passageiros que hoje optam pelo automóvel. Ao mesmo tempo, criaria uma dinâmica de segurança, permitida pela infraestrutura e pela quantidade de ciclistas. Além das deslocações para as estações, seriam também servidas as deslocações para as escolas, jardins, praias, comércios e serviços das áreas das estações.

É preciso começar e este poderia ser o embrião de uma rede de mobilidade utilitária em bicicleta. 

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Uma ano de casa-trabalho: de carro, mota ou transportes+bicicleta



A minha deslocação diária casa-trabalho é de 60Kms.
Considerando 250 dias/ano, são 15600 kms/ano.


Usando carro

Com um carro de consumo 5,3l / 100Km de gasóleo (que é baixo para as condições de trânsito em causa), são cerca de 1075€.
Juntando pelo menos uma portagem/dia, 150€.
Somando pelo menos 1/2 revisão, alguma manutenção ao carro (pneus, ...ie, custos diretamente associados a circular 15000km/ano): 200€

Custos variáveis são 1425€

Seguro: pelo menos 150€
IUC: pelo menos 100€

Total de carro, sem contar o custo do próprio carro (desvalorização), multas, estacionamentos, ...: 1675€.
(Note-se que a desvalorização de um carro pode ser outro tanto: um carro novo de 30.000€ após 10 anos provavelmente já não vale 10.000€. Isto representa 2000€/ano)



Usando mota (scooter 250cc)

Consumo de 3,1l/100km, cerca de 725€.
Juntando pelo menos uma portagem/dia, 150€.
Somando pelo menos 1 revisão, alguma manutenção pneus, ...ie, custos diretamente associados a circular 15000km/ano): 300€

Custos variáveis são 1175€

Seguro: pelo menos 100€
Total de mota sem contar o custo da mota (desvalorização), multas, estacionamentos, ...: 1275€.



Usando o comboio + bicicleta


Passe mensal: cerca de 42€, total de 504€
Bicicleta: com 250€ tem-se uma excelente bicicleta. Admitamos que se consome 1/2 bicicleta por ano, o que é um excesso: 125€

Total de bicicleta + comboio: 629€


Comparação

Ou seja, a opção bicicleta + comboio é cerca de 44% dos custos variáveis da opção carro e 53% da opção mota (apenas contando os custos variáveis; seguro, IUC e desvalorização, considerando que se mantém o carro parado em casa, não estão incluídos nesta percentagem).


Se no caso da mota a deslocação é um pouco mais rápida (cerca de 15min por viagem), por outro lado é muito mais perigosa e cansativa.
Já a opção de carro é mais segura (que a mota) e descansada, mas normalmente mais demorada e sem nenhuma garantia de duração.

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Acrescente-se a esta argumentação evitar queimar cerca de 830 litros de gasóleo ou 480 litros de gasolina, fora todas as outras fontes de poluição - pneus, travões, óleos, ruído,...

Acrescente-se ainda o tempo libertado para outras atividades durante a viagem e o exercício físico adicional, que não é de somenos num tempo em que as pessoas gastam tempo nos ginásios.


Se ainda se evitar de todo ter o carro ou a mota, a poupança dispara - e quando se precisar realmente de carro, pode-se usar um táxi, usar um car-sharing ou alugar um carro por alguns dias.

Façam vocês as contas, como dizia o outro.