sábado, 17 de novembro de 2012

A persistência da cunha

[...] "O primeiro indivíduo de quem, depois deste, Carlos se avizinhou, era uma potência comercial, que ouvia amavelmente o pedido que lhe fazia um colega, para ele pedir a outro, para este pedir a terceiro e este terceiro pedir ao ministro para o ministro empregar na Alfândega o filho do cunhado do primeiro que pedia." [...]

em Uma Família Inglesa, Júlio Dinis, 1868

Este Júlio Dinis é um brincalhão. Então isto alguma fez foi assim???
Não foi, nem é! Toda a gente sabe.
Coisas de romancista...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Crise de trânsito

O trânsito parece ter voltado ao pré-crise.
Dá ideia que as pessoas já se adaptaram de modo a manterem o mesmo nível de utilização do carro.
Reduziram em tudo o resto para continuarem a queimar combustível?


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pressa de chegar... à bicha

Portagens de Carcavelos, bicha logo à frente.
Eu de mota, a pagar a portagem.
O cartão MB não funcionava, mais alguns minutinhos para tirar a carteira, escolher as moedas, pagar.
Logo uma tonta atrás a apitar.
O portageiro comenta "deixe, está com pressa de ir para a fila".
Eu convido-a a passar por cima, apontando-lhe a fila à vista ali a 10 metros.
Arranco, ela deu umas apitadelas e a esta hora ela ainda deve estar na bicha da A5.
Será que vem uma hora a apitar ao carro da frente?
A estupidez nao terá limites?

Agora imaginemos que era uma bicicleta a atrasar-lhe o dia. Ui.... Esses é que são um estorvo! A bicha na A5, não...



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O melhor momento das minhas férias

Regressei à cidade onde estudei vinte anos depois.

Passou por mim um casal de cegos que reconheci de imediato.
Via-os juntos há uns vinte anos, provavelmente também estudantes e namorados, nas mesmas paragens onde eu apanhava o autocarro.
Desta vez, porém, cada um era conduzido por um filho.
Crianças que já são um importante apoio dos pais.
Comoveu-me.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cartões de crédito e débito no Pingo Doce

Apoio que o Pingo Doce rejeite cartões para baixos valores. E muito em especial cartões de crédito.

As margens da distribuição são baixas, a concorrência é forte. Estamos a falar de percentagens de cerca de 5% cobradas pela utilização dos cartões. 5% é muito no âmbito do que está em jogo. Quem acham que paga essas taxas? Mais cedo que tarde estão na factura do consumidor final, obviamente.


Muita gente anda muito satisfeita pagando a crédito, mesmo sem necessidade disso e não entrando em pagamento de juros. No fim levam umas milhas de avião ou uns euros em crédito.
É verdade que estão a ganhar com isso, mas de onde virá o milagre da multiplicação? Será que os bancos que emitem os cartões dão crédito gratuito por 20 ou 30 dias e depois ainda premeiam o utilizador? Hummmm....

Obviamente que o milagre é mais terreno. Parte da factura que pagamos, apesar de não discriminada, obviamente, é uma percentagem pelo pagamento em cartão de crédito. E, também obviamente, paga essa taxa quem utiliza e quem não utiliza o cartão de crédito. Fica em vantagem o primeiro.

Duas opções para quem não quer utilizar o cartão (e pagar essa utilização sem de facto a ter):

  • Pedir o desconto correspondente
  • Preterir os locais onde aceitem pagamento por cartão de crédito, deste modo subsidiando a utilização do cartão por outros

terça-feira, 24 de julho de 2012

Civilização ou falta dela

Belo artigo!


http://lisboabike.blogspot.pt/2012/07/londres-vs-lisboa-descubra-as.html

Lembro-me de ver uma vez em Hamburgo umas floreiras enormes, colocadas em ambas as faixas  de uma estrada, de modo alternado, para impedir os carros de andarem depressa. Tinham que esperar uns pelos outros.


Aqui é mais este o estilo:




No concelho de Cascais, com espaço para fazer melhor.


Queixei-me há mais de 4 anos, já insisti e continua na mesma.
Viva o carro, morte ao peão (o ciclista? quem é esse?)

domingo, 22 de julho de 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

102 anos de idade

Tem 102 anos, circula sozinho de autocarro. O seu discurso revela enorme lucidez e memória límpida.
Nasceu na Monarquia, a República nasceu já ele era nascido.
Passou pelas duas guerras mais a espanhola e pelo 25 de Abril.


Dá passeios com o seu filho de 80 anos.
A sua neta, de 60 anos, vive no Canadá e tem netos. São os seus tetranetos.


http://www.rtp.pt/programa/radio/p4651/c87577

terça-feira, 3 de julho de 2012

Big Brother

Para quem não se preocupa com as questões da protecção de dados pessoais (ou falta dela), pois vejam o que é possível fazer apenas com uma fonte de informação, a localização do telefone móvel.


Juntem ainda

  • utilização de cartões de crédito e débito
  • Via Verde ou semelhante
  • câmaras de vigilância por todo o local
  • dados que deixamos um todo o lado: escolas, consultórios médicos, formulários disto e daquilo
  • cartões de desconto e pontos e semelhantes
  • passagens em aeroportos, etc, etc


Agora juntem as suspeitas de falta de controlo destes dados que notícias recentes têm levantado: os casos Relvas, ex-director dos serviços de informações, etc, etc

Ainda acha que não é motivo de preocupação?
Na minha opinião, a utilização destes dados para focar a publicidade ainda é a menor delas.


Leia em 



terça-feira, 12 de junho de 2012

OP Oeiras em votação

As propostas para o Orçamento Participativo 2012 de Oeiras já estão em votação.


Há imensas relacionadas com a circulação a pé e de bicicleta.


Uma oportunidade para exigir mobilidade não automóvel.


http://op2012.cm-oeiras.pt/ListaPropostasValidadas.aspx


Participe!





segunda-feira, 11 de junho de 2012

Bicicletada em Cascais

1ª Massa Crítica em Cascais, dia 13JUN, 10h, Largo da Estação.


Oportunidade para demonstrar que mobilidade não é necessariamente automóveis.


http://www.facebook.com/profile.php?id=100002596374918


Vem e trás um amigo também!





domingo, 10 de junho de 2012

Futebolândia

Antena 1, rádio pública, "headlines" para o jornal que estava a começar hoje à tarde. Algo como isto:

"A Espanha, no intervalo do seu primeiro jogo do Europeu, luta pela vitória, ao mesmo tempo que acabou de pedir um resgate dos seus bancos"

Mas o que é que uma coisa tem a ver com outra?
Como é que se colocam uma coisa tão pouco relevante (empate a zero ao intervalo) e outra tão grave, com enorme potencial de impacto em Portugal, no mesmo saco?

Haja futebol e tudo irá bem.

sábado, 9 de junho de 2012

Respeito

"Humberto Coelho aceita as críticas, mas exige respeito Rui Mendes 07 Jun, 2012, 14:00

O vice-presidente da FPF Humberto Coelho aceita as críticas, mas exige respeito."

Eu é que exijo respeito.
Começou o circo, tiram-se as bandeiras do baú, cantam os meninos a Portuguesa, inunda-se ainda mais de futebol, se possível é, os meios de comunicação social.

Abrem-se os telejornais com as maiores banalidades. Discute-se todos os dias a mesma trampa futebolística. Todo o ano, no privado e no público que tenho de pagar.

Que enjoo. Que miséria, que indigência.

domingo, 3 de junho de 2012

O ciclista e o cão

No verão, ao fim de semana, é proibido circular no paredão de Cascais. Não sabia, mas estavam lá 4 agentes da PSP para me barrar o caminho.

Carros no passeio? Tudo bem.
Bosta na relva? Nada contra.
Ciclista à vista? Perigo público, apear e já!

Note-se que o perigo neste caso revestia a forma de uma criança de 8 anos numa bicicleta e um adulto noutra, com outra criança numa cadeira. Um pai sedento de velocidade e pronto a provocar acidentes, portanto.

Compreendo que sendo proibido, os agentes façam cumprir. Mas então porque fazem de conta que não vêem os milhares de carris que me fazem desviar do passeio para a estrada? Também é proibido, parece-me.

Assim que saí da vista deles, montámos de novo, claro. Afinal se ninguém cumpre, não é?


Eiiiiinnnnnna!???

Mas eis que logo adiante....



Detalhes


Em 4 cepos

Há muitos anos, o meu pai falava nestes roubos, em que os ladrões deixavam os carros sem rodas, assentes em 4 cepos.
Mas isso era dantes. Até os ladrões se abastardaram, e agora deixam os carros no chão.
Em 3 ou 4 semanas, é o segundo que vejo assim roubado. E antes julgo que nunca tinha visto.




sexta-feira, 25 de maio de 2012

Orçamento participativo em Oeiras

Oeiras está a estrear-se nesta modalidade de consulta à população: http://op2012.cm-oeiras.pt/


Das 5 propostas já apresentadas (há uma modalidade de apresentação via Internet, em paralelo com Assembleias presenciais), 3 delas já são relacionadas com mobilidade em bicicleta ou a pé: http://op2012.cm-oeiras.pt/ListaPropostasValidadas.aspx

Aconteceu o mesmo no Orçamento Participativo 2011 de Cascais, como demonstrei antes, e o resultado foi NULO.


Vamos ver o que acontece em Oeiras este ano.



domingo, 6 de maio de 2012

Atraso nacional

Contaram-me esta história passada numa grande empresa nacional:

Tinham passado 9 ou 10 minutos da hora marcada para o início de uma reunião, imaginemos que era às 14h, quanto entrou um director.
Esta reunião contava talvez quinze pessoas, todas elas gestores médios e directores.
Caso raríssimo naquela empresa, tinha começado à hora, quando muito com 1 ou 2 minutos de atraso.

O director entrou, olhou francamente espantado por a reunião estar já a decorrer, e perguntou algo como "mas a reunião não era às 14?", como se de facto atrasar 9 ou 10 minutos não fosse atrasar.

O espanto era de facto genuíno, pois na realidade é raro é o acontecimento que comece a horas, seja ele um concerto, uma aula, um comício, um jantar de amigos, uma reunião de condomínio, ou uma reunião de trabalho numa empresa.
E não estamos a falar de 1 ou 2 minutos como naquele (raríssimo) caso. Estamos sempre a falar de 15 minutos para cima.


Ora será que isto não tem nenhum impacto no estado geral de Portugal?

A maioria das pessoas dirá que não. Há sempre outros factores, 1001 outros, que explicam as crises e as condições de vida portuguesas. As invasões francesas, a ditadura, a falta de recursos naturais,.... E como são 1001, não é de facto nenhum. Quando todos são responsáveis, ninguém é de facto responsabilizável.

E este factor, que parte da coisa explicará? Ou será que esta falta de pontualidade é apenas um dos muitos factores que fazem de nós poucos produtivos e que resolvê-lo só por si, ainda que fosse possível, não resolveria de facto nada (ainda ficam os intermináveis e incontáveis intervalos para o café e para o cigarro, e, e, e ....)?

Pois é. De facto acho que i) nem se consegue mudar, nem ii) se se conseguisse, mudava alguma coisa de substancial.

E soluções?

______________

Como exemplo do contrário, tanto na pontualidade como no resultado global, tenho um para contar. E este é mesmo comigo.

Encontro de clientes de uma grande empresa sueca, na Suécia.
Existe uma agenda e esta é para cumprir.
O intervalo para almoço na cantina, de meia-hora, cumpre-se, ainda que apeteça ficar por ali mais um bocado a esticar as pernas ou a mascar (ou lá o que é) tabaco.

Chegam-se as 17h, a sessão de trabalho está animada e até parece contra-produtivo terminá-la.
Mas termina. Porque às 17:30 está agendada uma conversa amena à volta de umas cervejas.
E é assim.

E é assim que a Suécia está em 10º no Índice de Desenvolvimento Humano e Portugal em 41º.
"Não é nada por isso", diz a malta.
Pois não, é por causa de 1001 outros factores. 
E como são muitos, ficamos assim.

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E mais um exemplo nacional:


Cerca de 30 pessoas na sala para uma formação. Muitas delas deslocaram-se do outro lado da cidade para assistir.
O formador chega 5 minutos após a hora marcada. Verifica que não tem o adaptador adequado para ligar ao projetor de video da sala. Vai buscá-lo. Luta depois com diversas aplicações e conectividade para poder mostrar aquilo a que se propôs.

A sessão começa finalmente 22 minutos depois da hora marcada.


30 pessoas, 22 min cada, representa 11 horas de trabalho.
É isso: passamos muitas horas no emprego. Mas e a trabalhar, quantas são?

Mais bicicletas

Parece-me que há-de facto mais pessoas a circular de bicicleta na zona da Parede/Carcavelos.
Deve ser a crise, a A5 também viu reduzir muito o seu trânsito.


Mais ciclistas, sim, mas ainda assim muito residual!
Vamos ver quando é que Cascais começa a dar umas pisadas no sentido de imitar Lisboa, que está no bom caminho.
É preciso criar massa crítica.
Ando a explorar essa ideia.






Parabéns pela Duque D'Ávila, que maravilha.
Progresso é isto.


Os peões é que também gostam das pistas, talvez porque sejam mais lisas que a calçada. Mas pronto, hão-de habituar-se, também já me apitaram por estar numa pista/passeio em Munique...

sexta-feira, 23 de março de 2012

Mobilidade

Aqui está um trabalho útil em prol da mobilidade, mas daquela que interessa, a dos peões.

Assim conseguem-se atravessar passadeiras facilmente com carros de bebé, compras ou bicicletas.


Há uma campanha para fazer estas rampas em Oeiras, benvinda.


Não percebo é porque se insiste em manter o lancil entre os tijolos e o alcatrão. Fica quase sempre um degrau desnecessário e que continua a ser um obstáculo para cadeiras de rodas, por exemplo.

Seria preferível terminar a rampa no alcatrão e não no lancil.

Acabar com as calçadas também era boa ideia. Muito bonitas e tradicionais e etc, mas uma porcaria para aquilo que interessa, que é andar, mercê do desleixo a que são votadas. Depressões, altos, buracos....


Ah: e os tijolos coloridos também são úteis. Assinalam aos automobilistas onde subir aos passeios com facilidade.


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segunda-feira, 12 de março de 2012

Mas que alternativa é esta?

Sempre que a TSF está a relatar futebol, é certo que a Antena 1 também está.

Antes das 9 da manhã, notícias do país-futebol. Depois das 12:30, mais notícias (?) do mesmo futebol. À tarde e à noite, mais e mais. Que enjoo!! Um dia destes a pergunta era se o treinador fulano dormia bem antes do jogo xpto.

E sempre em concorrência directa, a cobrirem a emissão uma da outra.


Se os privados já o fazem, e bem (e são pelo menos a TSF da RR), para quê gastar recursos públicos a fazer o mesmo?

Se o argumento é a emissão de futebol para os portugueses no mundo, também não colhe: nesse caso, a Antena 1 que pague a utilização dos relatos aos privados.


Depois, senhores RTP, admirem-se que o povo não defenda a manutenção da empresa na esfera pública.


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sexta-feira, 9 de março de 2012

Lágrimas de crocodilo

Conversa entre vizinhos de um prédio de 2 andares.
Um lamentava-se de que, desde que mudara de local de trabalho, que era na Baixa de Lisboa e deixou de ser, a deslocação diária é da garagem de casa até à garagem do emprego (e volta). Que está a engordar, tem que ter cuidado, não faz exercício, etc e tal.
Ainda assim, nunca o vi sair de casa sem ser de carro e nunca o vi subir ou descer pela escada para o primeiro (!) andar (ahh, mas o prédio tem cave....). Sempre de elevador.


Outro idem: sempre de elevador para cima e para baixo, incluindo quando está a sair para o ginásio, apesar de dizer que subir e descer escadas faz bem. Também raramente o vi sair de casa a pé.


Tudo isto num prédio inserido numa zona urbana e com apenas 2 andares.


Sem palavras...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O que o portuga quer

O que o portuga quer é estacionar o carro a 10 metros da porta de casa.
5, se for possível.


O portuga quer lá saber de urbanismos, passeios, mobilidade pedonal ou espaços verdes.
Bom, de espaço verdes ainda quer saber alguma coisa, porque o cão tem que defecar algures e o passeio é pouco confortável para o canídeo - mas também serve, à  falta do "espaço verde". Ele até nem frequenta muito os passeios... excepto para o cão defecar, bem entendido, mas nessas alturas anda com cuidado.


O portuga quer é largar o carro onde mais lhe convier, para lhe evitar dar uns passos a pé. Para casa, para deixar o filho na escola, para ir beber um copo, para ir comprar um alfinete.


Nem que seja para o ginásio, onde vai suar forte e feio. Mas isso é no ginásio, não é do carro para o ginásio e do ginásio para o carro.
Cada coisa no seu lugar, isso é coisa assente para o portuga, nesta espelunca à beira mar plantada.